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Mil histórias

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Por Raíssa França

Alagoas tem 1.012 óbitos

Iza, Edvaldo, Audifax, Carlos, Hermínia, Jackeline. Talvez você não conheça quem esses nomes representam, mas eles são alguns que estão entre os mais de mil mortos por covid-19 em Alagoas. Hoje, o Estado alcançou essa marca, quase três meses depois de registrar o primeiro óbito em 31 de março.

Essas pessoas não só entram em uma estatística. Elas tinham famílias, empregos, filhos, casas e sonhos. São histórias de vidas que foram interrompidas por causa do novo coronavírus.

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"Tem sido duro e cruel passar por isso", disse o jornalista Igor Castro após perder a irmã e o pai para a covid-19".

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O vírus não escolhe cor, classe social, raça, orientação sexual. 

Audifax Seabra, de 47 anos, era um estilista famoso que morava em Maceió. ​Ele fazia vestidos de noivas e era considerado um dos melhores. Ele não só fez os vestidos dessas mulheres, ele fez com que elas brilhassem no dia do casamento e ajudou na construção de um dos momentos mais inesquecíveis.

 

Iza Castro era assistente social e funcionária de um hospital em Arapiraca. Iza chegou a publicar em sua rede social uma mensagem alertando as pessoas para os riscos que a doença oferecia. "Entendam que isso não é brincadeira. Os leitos estão repletos de pacientes, que assim como eu, terão a companhia fiel de um torpedo de oxigênio. Se cuidem, fiquem em casa", disse a vítima. 

 

O pai de Iza, 13 dias depois, também estava contaminado pela covid. Ele não resistiu e morreu.
 

Claudio Mandu, de 48 anos, era açougueiro. Ele trabalhou doente por vários dias, no Mercado da Produção, em Maceió, antes de morrer.

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Não é uma "gripezinha." Do dia 31 de março pra cá muita coisa mudou: as mortes foram aumentando e o isolamento social diminuindo. Só sabe a dor de perder alguém quem passou. As mortes começaram a acontecer dentro da família, na casa do vizinho, no ambiente de trabalho, na casa dos amigos. E os nomes foram aparecendo...

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Jackeline  tinha 28anos, casada e tinha uma filha de 4anos.  Ela era técnica de enfermagem do hospital Arthur Ramos. Segundo a prima dela, Natália Nascimento, Jackeline era um ser de luz.

 

"Infelizmente ela contraiu o covid-19 lá no hospital, nisso agravou para uma trombose pulmonar que atacou o coração e ela não aguentou", disse a prima Natália Nascimento.

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"Ela só vivia sorrindo e fazia de tudo para ajudar a outra pessoa. Estava sempre ao lado de quem precisava", finalizou a prima.

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Homenagem

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Não podemos trazer a vida de quem se foi de volta. A saudade deve apertar bastante para quem perdeu alguém. Até as despedidas mudaram o formato. Muitas vezes, não resta nem tempo de chorar por quem morreu. É doloroso. Essa pandemia vai passar e o que vai ficar dela são os inúmeros ensinamentos que estamos aprendendo. Talvez nem todos aprendam. Mas se você está vendo essa homenagem que preparamos para as vítimas da covid-19 é porque você está vivo. E que bom que você consegue respirar e pensar! Não coloque os seus em risco e nem se prejudique. Estamos fazendo pequenos sacrifícios e só sairemos dessa se estivermos todos juntos.

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